Como entrar trainee e virar diretor? Veja 8 histórias

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Você está enganado se pensa que o desafio de um trainee termina quando ele vence a concorrência e consegue ser aprovado num disputado processo seletivo.

Ao longo de sua trajetória, ele passará por inúmeras provas de resistência e jogo de cintura – das quais depende sua permanência e também sua ascensão na empresa que o acolheu. EXAME.com reuniu com exclusividade as histórias de 8 executivos brasileiros que começaram como trainees e hoje são diretores e vice-presidentes de empresas como Ambev, L’Oréal, 3M, Whirpool, Citi e Itaú Unibanco.

Os relatos trazem lições valiosas sobre como se destacar e crescer na companhia após o término do programa de trainee. Navegue pelas imagens para conhecê-los.

Caio Ibrahim David
VP executivo do Itaú Unibanco

Quando ingressou na empresa como trainee?
Em 1987, na área de finanças. Na época, ainda estava no 2º ano da faculdade de engenharia e precisou conciliar a grade de disciplinas do curso, que era integral, com o trabalho.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Um ano depois de entrar na empresa como trainee, Caio foi promovido a analista júnior. Ao final da graduação, já era analista pleno. Nos anos seguintes, ele buscou complementar sua formação acadêmica. Fez pós-graduação em economia e finanças e um mestrado em controladoria, ambos na USP (Universidade de São Paulo), além de um MBA na New York University. O investimento em qualificação foi a chave para desenvolver sua carreira no banco e chegar até a posição atual.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Vice-presidente executivo do Itaú Unibanco aos 48 anos de idade, Caio diz que sua carreira é fruto do investimento constante da empresa no desenvolvimento de seus talentos.

Embora não enxergue uma única “fórmula” para o sucesso, ele destaca algumas posturas essenciais para qualquer trainee que sonha em crescer dentro da empresa em que ingressou. “É necessário gostar muito do que se faz, identificar-se com os valores éticos e com a cultura da empresa e vislumbrar oportunidades de se diferenciar, sempre com disposição para fazer o seu melhor”, afirma o executivo.

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Júlia Sève
Diretora da divisão cosmética ativa da L’Oréal Brasil

Quando ingressou na empresa como trainee?
Júlia entrou na L’Oréal em 2002, pelo programa de trainee sênior da empresa. Nessa fase, trabalhou tanto na divisão de luxo quanto na área dedicada ao grande público. “Minha experiência como trainee foi muito importante para conhecer de fato como a L’Oréal funciona, seus valores e processos”, afirma a diretora. “Carrego até hoje os aprendizados que acumulei nesse período”.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
O processo de crescimento de Júlia na empresa foi longo – e cheio de trabalho. “Foram 13 anos em que tive que encarar muitos desafios, assumir novas marcas, trabalhar fora do Brasil, implementar novos modelos e gerir muitas pessoas”, conta a executiva. De promoção em promoção, ela acabou se tornando diretora geral da divisão cosmética ativa da L’Oréal no Brasil, que responde pelas marcas La Roche-Posay, SkinCeuticals e Vichy.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Para Júlia, o trainee tem uma oportunidade única: a de mergulhar de cabeça numa marca. Se, nesse processo, ele descobre que se identifica verdadeiramente com a empresa, deve batalhar para permanecer nela. “Trabalhei bastante para mostrar o quanto eu gostaria de continuar a minha carreira na L’Oreál”, afirma a executiva.

A ascensão profissional dentro da organização pode demorar, mas vale a pena, segundo ela. “Quando você se compromete e começa a sonhar com aquele resultado, não tem por que voltar atrás”, diz.

 

Pedro Lorenzini
VP de mercados do Citi Brasil

Quando ingressou na empresa como trainee?
O executivo participou do programa de trainee oferecido pelo banco entre os anos de 1988 e 1989. Segundo ele, o processo de preparação dos aprovados era bastante completo e intenso, o que lhe ajudou a preencher as lacunas que ainda trazia de sua formação acadêmica então recém-terminada.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Enquanto ainda era trainee, Pedro passou por diversos núcleos do Citi. Trabalhou na área de back-office, finanças e controladoria, middle-office, estruturação e venda de produtos de tesouraria, mesas de gestão de liquidez e risco proprietário. Finalmente, aterrissou na área de “Markets and Securities Services”, da qual se tornou vice-presidente.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
De acordo com Pedro, apesar do investimento oferecido pelas empresas em programas de trainee, a continuidade da ascensão profissional depende muito do empenho e da dedicação pessoal de cada um. “Ser aceito num programa de trainee é uma grande vitória, mas é só o início do caminho”, diz ele. “A carreira corporativa sempre sofre um afunilamento, então em algum momento haverá uma nova ‘etapa de seleção’ e só quem tiver investido em seu próprio desenvolvimento terá chances de ascender”.

O diretor do Citi recomenda aos jovens trainees que estejam abertos e se dediquem a aprender tudo que lhes for oferecido como experiência ou tarefa. Além disso, diz Pedro, é sempre bom lembrar que muito tempo da sua vida será dedicado à sua carreira – é importante, portanto, gostar verdadeiramente do que você faz.

 

Rodrigo Daud
Diretor comercial de polimetálicos da Votorantim

Quando ingressou na empresa como trainee?
Formado em engenharia mecânica, Rodrigo trabalhava como estagiário na Votorantim em 1999, quando surgiu a oportunidade de participar do processo de seleção para trainee. Sua entrada na Votorantim Metais como trainee ocorreu um ano depois, em 2000.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Ao longo dos últimos 16 anos, Rodrigo passou por diversos cargos dentro da empresa. Seu primeiro grande desafio de liderança apareceu quando foi promovido a gerente geral comercial da área de zinco, função estratégica para a Votorantim e de grande exposição global. “Essa experiência me preparou para assumir, em 2011, o cargo de presidente da U.S. Zinc, empresa da Votorantim baseada nos Estados Unidos”, conta. Em 2016, retornou ao Brasil para assumir a diretoria comercial de polimetálicos da companhia.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Para o executivo, um trainee deve entender quais são os desafios para os quais precisa se preparar e tomar a iniciativa de se movimentar naquela direção, sem esperar que a organização traga algo pronto. “Antes de ser promovido, imagine-se na posição que você está almejando e identifique os possíveis pontos que devem ser desenvolvidos para quando o desafio realmente chegar”, orienta.

Ele ainda destaca que tudo começa pela escolha da empresa em que o jovem procura trabalhar. “Procure se informar bastante sobre o negócio da companhia, seus valores e sua cultura para saber se você realmente se identifica com ela”, diz Rodrigo. O executivo também recomenda ao trainee manter sempre uma postura humilde e apreciar a diversidade de opiniões, perfis e culturas numa organização.

 

Camila Durlacher
Diretora de P&D da 3M do Brasil

Quando ingressou na empresa como trainee?
Camila entrou na 3M como trainee na área de pesquisa e desenvolvimento em 2000. Nos 18 meses do programa, participou de projetos em diferentes núcleos da empresa, como marketing e manufatura, o que lhe rendeu aprendizados sobre a forma de funcionamento da empresa e também a oportunidade de construir um valioso networking interno.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
A princípio, Camila trabalhou com desenvolvimento de produtos de saúde e segurança ocupacional. Em seguida, tornou-se coordenadora de propriedade intelectual, assunto pelo qual se apaixonou quando ainda era trainee. Foi promovida a gerente técnica nos Estados Unidos e, alguns anos mais tarde, foi alçada à posição de diretora técnica da empresa na Argentina. Finalmente chegou o convite para voltar ao Brasil e assumir a diretoria de pesquisa e desenvolvimento.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
A executiva atribui sua história de sucesso à humildade para reconhecer os pontos em que precisava se desenvolver mais, além da flexibilidade para se ajustar a novas condições, ambientes e pessoas. Para jovens que sonham com uma trajetória semelhante, seu conselho é muito trabalho e dedicação, especialmente nas fases iniciais da carreira.

“A sorte favorece as mentes preparadas”, diz Camila. “Nunca deixe de se desafiar e se desenvolver sempre, para estar pronto para quando surgirem as oportunidades”.

Leia também: Confira os programas abertos de estágio e trainee

 

Daniel Cordeiro
Diretor de cervejas especiais da Ambev

Quando ingressou na empresa como trainee?
Daniel participou do programa de trainee da Ambev em 2008. Durante um ano, ele passou por treinamentos em todas as áreas da empresa.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Logo após o primeiro ano como trainee, ele foi alocado na área comercial como supervisor de vendas e coordenador de eventos. Na Copa do Mundo de 2010, trabalhou como assistente de marketing para a marca Brahma, assumindo também um posto na área de mídias. Nos três anos seguintes, assumiu as Marcas Antarctica Sub Zero, Bohemia e Brahma. Em 2015 foi convidado a liderar a área de cervejas especiais no Brasil, cargo em que está até o momento.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Daniel é a favor de sonhos ambiciosos. Para seu sucesso profissional, diz ele, sempre foi importante apostar em ideias ousadas e brigar por elas. “O trainee não pode perder a vontade de conquistar, de transformar”, afirma.

Ele também recomenda que o jovem tenha uma postura construtiva, questionadora e dedicada. “Saiba ouvir, peça feedbacks e sempre deixe a mente aberta a novas ideias”, resume.

 

Fernando Araújo
Diretor de finanças da GE Grid Solutions para a América Latina

Quando ingressou na empresa como trainee?
Fernando começou sua carreira na GE em 2005, como analista financeiro. Em 2006, participou do processo seletivo de trainees da empresa e foi aprovado para trabalhar no departamento de finanças.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Após o programa de trainee, Fernando ingressou em um programa de aceleração de carreiras da empresa, o CAS (Corporate Audit Staff). Essa etapa durou 5 anos e meio, e incluiu passagens por quase todos os negócios industriais da GE. Em 2013, passou a ocupar o cargo de executivo de auditoria para a América Latina. Nos dois anos seguintes, atuou como líder de planejamento financeiro e estratégico para a GE na América Latina. Em janeiro de 2016, aos 35 anos, foi nomeado diretor financeiro para o negócio de “grid solutions” para a América Latina.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?

Fernando acredita que seu crescimento na GE dependeu fortemente de sua vontade de fazer o seu melhor todos os dias e valorizar as pessoas ao seu redor.

Seu conselho para os trainees é conhecer os seus próprios limites e não se abalar com suas eventuais falhas, porque elas fazem parte do crescimento de qualquer profissional. “É importante ser persistente e procurar dar sempre o máximo de si”, diz o diretor.

 

Ricardo Ubrig
Diretor de vendas da Whirlpool para a América Latina

Quando ingressou na empresa como trainee?
Graduado em administração pública pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Ricardo entrou para a turma de trainees da Whirpool em 2006.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
O executivo foi efetivado em 2007, no cargo de supervisor de vendas na área de purificadores de água. “Quando era trainee, eu havia desenvolvido meu projeto nessa área, então foi muito natural permanecer nela”, conta. Depois da passagem pelo núcleo de água, Ricardo passou 6 anos alternando entre marketing e vendas em quatro posições diferentes. Em 2013, foi promovido a diretor de marketing e, em 2015, foi alçado ao cargo de diretor de vendas da companhia.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?

“O programa de trainee mudou minha vida, principalmente pela intensidade do treinamento, que nunca tive igual na vida”, conta Ricardo. “Passei por experiências que foram essenciais para saber tomar determinadas decisões hoje em dia”.

Para o diretor da Whirpool, muitos jovens estão preocupados demais em conseguir uma promoção rápida – e se esquecem de investir no desenvolvimento genuíno de suas carreiras. Ele diz que é melhor tirar o foco dos cargos e dos tempos de promoção, e concentrar suas energias na escolha de uma empresa alinhada aos seus valores. “A partir daí você deve se preocupar em entregar mais e melhor, independentemente da velocidade com que os seus pares estão subindo”, afirma. “A carreira é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros”.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

 

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