5 armadilhas do cérebro que podem minar suas ideias para empreender

Estudar neurociência parece ser uma atividade distante, reservada apenas para biólogos, químicos ou psicólogos. Porém, entender como nossos neurônios funcionam é importante não apenas para fins científicos – mas também para que aproveitemos o melhor de nós mesmos.

A busca pela excelência por meio do estudo da mente é importante, inclusive, quando se fala em empreender e inovar. Afinal, boas ideias são, em sua essência, sinapses.

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O especialista Rubens Paes Barreto deu uma palestra no Google Campus sobre o poder da neurociência para a inovação. Ele é sócio-fundador do Deep Learning Institute, um instituto que prepara empresas e pessoas para enfrentar desafios por meio de técnicas como mapas mentais e scrum. 

Veja, segundo o especialista, algumas armadilhas preparadas pelo seu cérebro que podem acabar com sua capacidade de ter ideias geniais:

1. Você quer resolver os problemas de todo mundo

De acordo com Barreto, nossa cabeça é uma “máquina de resolver problemas”. Você pode escolher para qual atividade direcionar a energia que faz tal máquina funcionar.

“O que eu vejo nas minhas consultorias é que muita energia é desperdiçada em atividades fora do grande objetivo de quem eu atendo. Aplicativos, conversas sem sentido, programas de televisão, redes sociais e, principalmente, resolver o problema dos outros”, diz o especialista.

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Ele cita um exemplo comum em empresas: o funcionário que diz ter de resolver algum problema pelo qual seu colega ou outra área da empresa está passando. “Muita gente busca ter mais foco, e uma grande dica é decidir a quem ou a quais tarefas você não vai dar atenção.”

Por isso, pegue um papel e escreva atividades em que você gasta tempo, mas não têm nada a ver com seu projeto de inovação. O que você poderia parar de fazer hoje para aumentar seu foco? O primeiro passo para a inovação é se concentrar e ter persistência nas suas metas.

2. Você cria histórias para não tomar atitudes

Para justificar um comportamento, as pessoas costumam criar histórias. Por exemplo: preciso acordar cedo porque tenho de ir trabalhar. Com isso, posso conhecer novas pessoas e obter uma renda que sustente futuros projetos.

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Porém, o outro lado da moeda é criar histórias para deixar de ter um comportamento – como não inovar. “Eu não inovo porque preciso comprar servidores para montar meu sistema de big data“; “eu não inovo porque meu chefe não me apoia”; “eu não inovo porque tenho uma multinacional e a matriz não permite”; “eu não inovo porque não tenho tempo nem dinheiro.” 

“Cuidado para que essas histórias programadas não sejam, no fundo, mentiras para mantê-lo em sua zona de conforto”, alerta Barreto. Apenas desacreditando nos contos de sempre é que você poderá se abrir para a inovação.

3. Você não tenta criar novos hábitos

Cada atitude que você decide tomar é, no fundo, resultado de um conjunto de sinapses – transmissões feitas entre neurônios.

Um hábito é justamente ter esse “caminho neural” consolidado, com o objetivo de conservar sua energia mental diária – acordar e fazer o café de manhã todos os dias, por exemplo. Segundo Barreto, é como passar uma corrente elétrica de um ponto A para um ponto B do seu cérebro de forma aparentemente automática.

Para inovar, é preciso construir caminhos diferentes. O preço a se pagar para a formação dessas novas conexão neurais é chamado de “energia de ativação” pelo especialista. É por conta do custo de ativação dessa energia que as pessoas demoram para tomar atitudes: falta a motivação para tal esforço, e você precisa encontrá-la se quiser ter ideias.

“O fato é: quanto vale a pena essa inovação que você quer fazer? Como ela traz benefícios reais aos seus valores e ao mundo, a ponto de você acordar todas as manhãs e querer tomar as atitudes que levarão a essa inovação?”, questiona Barreto.

4. Você esconde sua gestão de si mesmo

Ainda falando de hábitos, Barreto dá outra dica neurológica para estimular novos hábitos e inovar mais: deixe sua gestão mais transparente.

O especialista cita um experimento de Shawn Achor, da Universidade de Harvard, para entender quantas pessoas poderiam aprender violão dependendo da disponibilidade visual do instrumento.

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Quando o violão era guardado dentro de um armário na casa dos pesquisados por um mês, a média de quem realmente havia tocado era de quatro dias seguidos. Já quando o violão era deixado no meio da sala de estar, a média subia para 21 dias.

“Isso explica por que, em empresas como Facebook e Google, não há barreiras para esconder informações – em armários ou sistemas, por exemplo. Uma dica interessante para as empresas de vocês é fazer gestão à vista, por meio de metodologias como scrum”, aconselha.

5. Você deixa o medo da exclusão social tomar conta

O que empreendedores como Jorge Paulo Lemann, Henry Ford, Thomas Edison e Walt Disney têm em comum? Eles erraram muito antes de alcançarem o sucesso.

Basta lembrar de uma palestra que Jorge Paulo Lemann deu durante o evento Day1, da Endeavor:  “Os pais educam os filhos para que dê sempre tudo certo. E esquecem que, fazendo besteira, burrada, se aprende muita coisa também. Deixem os filhos fazerem burradas”, aconselhou o empresário.

“Ser rejeitado no grupo social que você está é doloroso, como ocorre em uma demissão ou uma falência. Temos dispositivos neurológicos que tentam nos proteger dessas situações e, assim, deixamos de inovar”, completa Barreto.

É preciso fazer um trabalho de convencimento para superar tais instintos biológicos e psicológicos, controlando seus instintos em prol de uma meta racionalmente alcançável.

“No começo da humanidade, ser rejeitado pelo grupo significava a morte. Mas pense: hoje, você irá morrer se você for demitido do banco onde você trabalha? Ou você irá para o próximo passo, desafiar seus limites e seguir seus sonhos?”, questiona Barreto.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

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