Meu nome é Guilherme Lacerda e fiz parte da primeira turma de trainees do Vetor Brasil, que está recrutando novo integrantes até o dia 19 de setembro. Hoje eu continuo trabalhando na Secretaria de Educação do Pará, agora com seis outros trainees.
Vou começar contando um pouco da minha formação: eu sou curitibano, iniciei minha graduação em economia da UFPR em 2009 e, dois anos e meio mais tarde, transferi meus estudos para a Universidade de Indiana, nos EUA. Lá me graduei em economia e ciência política em junho de 2014, quando voltei ao Brasil.
Eu não fazia ideia de como, mas tinha certeza de queria atuar no setor público. Se ao ingressar na faculdade eu já imaginava o potencial de impacto social do Estado, ao sair eu sabia que em nenhum outro lugar conseguiria contribuir tanto para transformações de grandíssima escala.
Minha primeira investida foi uma frustrada tentativa de ingresso no mundo partidário. Apesar dos anos de estudo em economia e ciência política e princípios e convicções bastante claros, a miríade de partidos brasileiros não oferecia uma plataforma clara ou caminho seguro. Assim, me vi agendando conversas e peregrinando por convenções e encontros. Era, afinal, ano eleitoral.
À medida que outubro chegava, contudo, o contrário do que eu imaginava (ou esperava) ocorria: discussões sobre políticas públicas e sobre planos para o estado davam lugar ao personalismo e às discussões supérfluas. Não demorei a perceber que ali não estava a porta de entrada que eu buscava.
Considerando o terreno partidário infértil e pensando no perfil técnico que eu havia desenvolvido, tomei um segundo rumo que, apesar de pouco me animar, mostrava-se como lógico já que eu pretendia ingressar no governo: estudar para concursos públicos. A ideia não me empolgava principalmente pelas características de estabilidade e segurança dos cargos públicos – que tanto criam “concurseiros”. O que eu desejava era justamente o oposto: desafios, crescimento profissional, dinamismo e alto impacto.
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Mal tinha eu completado dois meses de estudos e um amigo me enviou o link para a página do Vetor Brasil. Eu não fazia ideia de quem eram as pessoas por trás da organização, mas tinha apenas dois dias para concluir minha inscrição. Ainda um pouco desconfiado e descrente, deixei os estudos de lado no dia seguinte para preencher todos os formulários e gravar os vídeos para a inscrição. As semanas foram correndo e, à medida que eu passava as fases do processo seletivo e fazia as entrevistas, me animava com o perfil e principalmente com o propósito das pessoal envolvido na seleção. Quando fui aprovado já sabia que aquela havia sido uma das melhores decisões que já havia tomado.
Foram várias as dúvidas, entretanto, mesmo após a aprovação. A primeira ponderação dizia respeito ao fato de que mais uma vez eu arrumava as malas para morar longe de casa e dos amigos. Apesar do desencanto profissional ao voltar ao Brasil, sair de Curitiba outra vez não estava nos meus planos. Ainda assim, a oportunidade superou a dúvida. Como eu havia estudado fora, já estava bem acostumado à distância. A família inicialmente fez os seus questionamentos. Ninguém, afinal, conhecia o Vetor naquela época, e tudo o que eu tinha para apresentar era um site e o meu relato. O questionamento virou apoio e, hoje, minha família criou apreço e relação com Belém. Conseguimos nos organizar de maneira a estarmos juntos com frequência.
O segundo passo foi analisar se eu teria condições de dar conta do trabalho. Inicialmente, porque eu não tinha experiência alguma no setor público. Mas também porque na graduação eu vi muito sobre teorias, fossem econômicas ou políticas, mas não conhecia nada do dia-a-dia do trabalho dentro de uma Secretaria.
Por último, e definida minha alocação, me deparei com um projeto enorme, financiado parcialmente pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e já em execução. O projeto é fruto de um empréstimo firmado entre o Banco e o Estado do Pará para melhorar a qualidade e expandir a cobertura da rede estadual de educação. Para tal, os recursos estão orientados para três grandes tipos de investimento: infraestrutura, projetos pedagógicos e de gestão escolar, e gestão da própria rede.
Tudo para mim era novidade. Eu não só não sabia ler um processo administrativo – eu nunca havia aberto um. Aos poucos fui conhecendo como funciona administração pública: as várias gerências de uma secretaria; os trâmites burocráticos e os fluxos de atividades; a forte hierarquia. E desenvolvendo meu primeiro trabalho: um estudo sobre a distribuição das vagas pelo estado que subsidiará a tomadas de decisão para as construções de novas escolas.
Inicialmente motivador de receios, o desafio foi se mostrando uma enorme fonte de aprendizado e crescimento. Acompanhei: todo o processo de estruturação de uma Unidade Gestora do Projeto (UGP), isto é, o núcleo dentro da Secretaria responsável pela gestão dos recursos e coordenação das atividades do Contrato de Empréstimo; o trabalho de consultorias que vieram fortalecer a secretaria como um todo e a própria unidade gestora; a saída e a chegada de profissionais, entre trainees, servidores de carreira, consultores e gestores-; e o fortalecimento da unidade se transformar em maiores e mais complexas responsabilidades para a equipe em geral e para mim individualmente.
Hoje, após apoiar a execução do contrato nas suas diversas frentes, atuo na coordenação do projeto.
Ao longo desse ano e meio de trabalho fui conhecendo o potencial de impacto do governo na prática. Entre os projetos que apoiei estão: reforma e ampliação e construção de escolas; aceleração da aprendizagem e combate à defasagem idade-série; recuperação de conteúdo; melhoria da gestão escolar; execução de avaliação de larga escala e análise dos dados produzidos.
Cada um desses projetos, quando bem executados, tem o poder de impactar diretamente a quase totalidade dos adolescentes do estado, além de indiretamente beneficiar as suas famílias e a sociedade como um todo. E para que sejam bem executados, não pode faltar dinamismo à equipe.
Um bom exemplo é também o maior obstáculo que enfrentamos em 2015: uma longa greve de professores. Foram 53 dias escolares paralisados e um imenso atraso a todos os projetos pedagógicos. Um dos compromissos firmados pela Secretaria, de oferecer reforço escolar aos alunos e uma efetiva preparação para o ENEM e a Prova Brasil, tornou-se absolutamente inviável dada a alteração no calendário letivo. O que fizemos? Um estudo de última hora sobre a viabilidade de firmarmos uma parceria com a iniciativa privada e assim garantirmos a recuperação dos conteúdos atrasados no contraturno dos alunos.
Após dias e noites de muito trabalho e desenho do projeto alternativo, tivemos a adesão de mais de 17.000 alunos. E eu obtive a primeira lembrança que levarei da minha experiência no Pará: uma cópia das apostilas utilizadas pelos alunos, fruto do esforço e das horas extras despendidas.
É por situações como essas que decidi ficar mais tempo: hoje sou infinitamente mais preparado e com uma experiência (não só profissional, pessoal) única. Meus colegas de Vetor, que se tornaram amigos e referências, seguiram vários caminhos, muitos deles na área pública, como eu. Mas mesmo aqueles que tomaram outra direção certamente levam consigo um aprendizado e bagagem para a vida toda.
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