Marcio Furrier, diretor de Marketing da HP, está há quase 14 anos na empresa. Todos esses anos de janela, contemplando as realidades e as tendências do mundo da tecnologia da informação, permitiram a Marcio, um veterano com cara de menino, acumular um bocado de conhecimento de grande utilidade para empreendedores e inovadores.
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O portal Draft conversou com Marcio na sexta pré-Carnaval, na sede da HP, em São Paulo. Enquanto o país se preparava para a folia, o jornalista Fábio Bracht mais de uma hora com Márcio, olhando para o futuro da tecnologia, para as tecnologias do futuro, para a revolução digital e para o lugar da HP em meio a isso tudo – e em meio a sua vida e a minha. Com vocês, Marcio Furrier:
Sobre inventar o futuro (em empresas de qualquer tamanho) “Inventar o futuro significa não ser míope do ponto de vista do marketing. Quando falamos de uma pequena empresa, ou de uma empresa gigante, como a HP, inventar o futuro passa basicamente por esse mesmo caminho, por cultivar essa sensibilidade de entender os consumidores e de permanecer relevante no mercado.
A HP não vende computador, não vende impressora. A gente vende maneiras melhores de as pessoas lidarem com suas imagens, com suas informações, com seus documentos. É isso que tanto a pequena empresa quanto a grande devem procurar em nossas soluções.”
Sobre o pensamento inovador “O pensamento que deve estar na cabeça do empreendedor, em essência, é: como eu posso servir o meu público de uma maneira melhor? Como eu posso fazer com que as pessoas sejam mais produtivas, permitir que elas usem o tempo delas para criar, para produzir coisas interessantes?
Diante de qualquer mercado, penso que o empreendedor deve refletir: que tipo de problema existe na sua vida, na minha vida, e que eu posso resolver? O que nos incomoda todos os dias, que tipo de solução para essa insatisfação eu posso oferecer? Como eu posso, através dos meus produtos, dos meus serviços, tornar a vida das pessoas melhor ou mais prazerosa? Esse é o norte da inovação que gera consumidores felizes.”
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Sobre o direcionamento e a visão estratégica da HP para 2015 “Nosso esforço é compreender onde estão as lacunas nas vidas pessoas e das empresas para as quais a HP pode fornecer soluções de tecnologia. Para o futuro próximo, identificamos quatro grandes pilares onde focar nossos esforços e nossa atenção: Big Data, Segurança da Informação, Mobilidade e Cloud. Esses quatro grandes pilares levaram a HP a formar o que chamamos de Novo Estilo de TI. A gente acredita que é na conjunção desses territórios que temos que focar para identificar as necessidades e dores de cabeça que as pessoas e os empreendedores têm, e que a gente pode ajudar a diminuir com nosso expertise.”
Sobre a importância da mobilidade e do cloud computing “Hoje você vê que o processo de compra, especialmente do público de 18 a 30 anos, flui através de diversos aparelhos: ele pode começar sua pesquisa no celular, em outro momento fazer comparações de preço em um tablet e pesquisar de lojas no computador, para só então realizar a compra em um ponto de venda físico — ou mesmo na própria internet. Pelo menos 60% dos nossos consumidores, hoje, realizam pelo menos uma parte da experiência de compra online. Essa mobilidade trabalha de mãos dadas com cloud computing. Um fator possibilita e influencia o outro – e vice-versa”
Sobre as possibilidades da mobilidade no segmento comercial “Vemos um grande potencial no conceito de mobilidade na área de computadores pessoais, os PCs, dentro do segmento comercial e queremos trabalhar com esse potencial. Hoje o profissional, seja ele de Tecnologia de Informação (TI), ou de qualquer outro segmento, precisa ter um equipamento e uma estrutura de TI que possibilite que ele possa realizar o seu trabalho de onde quer que esteja. O escritório não é mais o único lugar de onde a pessoa trabalha. Todo esse ecossistema de aplicativos e de equipamentos que permitem a um funcionário de qualquer empresa trabalhar de onde quer que ele esteja é fantástico como visão de mercado, e expande muito a possibilidade de negócios.”
Formatos alternativos para “segunda tela” e o futuro da TV “Para o mercado consumidor, temos computadores conversíveis que se transformam de um notebook em um tablet de acordo com a necessidade do usuário, dando a ele muita flexibilidade para cada um de seus momentos. Hoje, 40% dos brasileiros assistem TV ao mesmo tempo em que se concentram em uma segunda tela. E essa tela pequena ganha cada vez mais prioridade sobre a grande. Isso também leva a gente a questionar: qual será o papel da televisão no futuro? A sua tela grande, a sua tela nobre, aquela que fica no centro da sua sala, para o que ela vai servir? E como a gente pode gerar conteúdo de internet para essas telas maiores?”
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Os desafios do turbulento mercado brasileiro do próximo ano “Enxergamos três desafios principais. Primeiro: como podemos desenvolver produtos para uma parcela significativa de consumidores que agora está entrando de verdade no mercado de consumo? Segundo: como podemos trabalhar com a comunidade de desenvolvedores para que tenhamos aplicativos que sirvam bem a nossa realidade? Para que possamos trazê-los para dentro do nosso ecossistema? Terceiro: como podemos trafegar por esse período de transição econômica no Brasil? Devemos ter um ano agora, em 2015, com desafios e ajustes, então, como podemos trafegar bem até passar essa fase turbulenta?
O grande desafio para esse ano, num cenário ainda bastante incerto, onde o bolo não necessariamente vai crescer, é: como podemos ter a maior fatia possível desse bolo? A grande aposta da HP nesse cenário vem sendo a inovação.”
As inovações que a HP vem trazendo ao mercado “Nos últimos meses fizemos dois lançamentos importantíssimos, que eu acredito serem realmente muito disruptivos do ponto de vista de tecnologia. O primeiro foi o Sprout. O segundo, ao qual normalmente não é dado a mesma atenção, e eu acredito que se deveria, é o da tecnologia HP de impressão 3D.
O Sprout é a primeira grande aplicação comercialmente disponível que procura lidar com esse tipo de conceito de blended reality. (Marcio afirma que o blended reality, que em português seria algo como “realidade misturada”, é o conceito-chave do computador Sprout, que permite escanear objetos físicos e manipulá-los digitalmente. Essa ponte do físico para o digital, com novas interfaces de manipulação, é importantíssima para a HP — assim como o caminho inverso, de fazer a ponte do digital para o real usando impressoras 3D). A tecnologia de impressão 3D da HP é disruptiva porque dá ao usuário um resultado preciso, sem aquelas rebarbas características de impressões 3D, e em qualquer material: cerâmica, metal, plástico etc, e em cores.
Um grande trabalho que estamos fazendo é o de mostrar as inovações da HP, mostrar que não estamos parados no tempo — ao contrário, estamos trazendo coisas muito novas, e fazendo com que essas coisas cheguem o mais rápido possível às mãos dos consumidores, com preços acessíveis.”
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Sobre o potencial da impressão 3D “No início da curva de produto, as aplicações são para profissionais. Alguém que manipula arte, editoração. No caso da impressão 3D, quem trabalha com prototipagem, maquetes, e assim por diante. Mas a ideia é que com o tempo esse ecossistema inclua aplicações que permitam usos para consumidores e também pequenos empresários. Em algum momento não me surpreenderia que você tivesse birôs, na sua rua mesmo, para os quais você poderia mandar um arquivo de impressão 3D, e que esse birô pudesse fazer a impressão de um objeto que você comprou no ambiente virtual.
O potencial dos wearables “Estamos chegando muito próximos de um limite de miniaturização, por isso a interação precisa começar a evoluir para novos paradigmas. Um deles são justamente os wearables – a tecnologia que você veste. Vamos começar a ter uma interação muito mais direta entre homem e tecnologia através deles. A tendência é que os wearables vão além dos relógios e se especializem para atender necessidades muito específicas. Talvez a gente vá ter wearables próprios para, por exemplo, fazer academia, monitorar saúde, estabilizar a condição de saúde dos idosos e assim por diante. É uma tendência que deve demorar um pouco mais para se tornar realidade, mas já estamos começando a ver isso acontecer com alguns poucos produtos. E é assim que começa. Com experimentação. E estamos muito atentos a todo esse cenário na HP. Somos partícipes desse movimento em direção ao futuro.”
Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT