Bens de consumo, mercado financeiro, educação ou tecnologia. Independentemente do setor em que você decidiu iniciar sua carreira, provavelmente tem uma empresa em que sempre sonhou em trabalhar. A primeira vontade é descobrir como se encaixar perfeitamente nas expectativas das companhias? Cuidado. O melhor é buscar um lugar que compartilha seus valores e estilo de trabalho. “Não dá para olhar só para o resultado, o que ele ganhará no final. O processo tem de ser prazeroso”, diz Stephanie Crispino, coach e especialista em carreira da Fundação Estudar.
Na terça-feira (03/08), 600 jovens se reuniram em São Paulo para a Conferência Ene, evento promovido pela entidade e pelo portal Na Prática. Nele, tiveram contato com coaches e mais de 30 empresas na tentativa de encontrar oportunidades de estágio ou emprego. “Como uma das coaches da conferência, dá pra ver que muitos jovens vêm com alguma dúvida de decisão profissional. Não sabem se ficam na empresa da família, vão para outra companhia ou empreendem com seus amigos.” Segundo Stephanie, a resposta está no jovem. Ele precisa achar as razões que o fariam decidir por uma ou por outra — pensar no dia a dia de trabalho e entender os aspectos que valoriza.
Escolheu começar em uma grande companhia? Época NEGÓCIOS conversou com gestores de algumas para descobrir o perfil dos candidatos que elas buscam em seus processos seletivos.
Google – “São basicamente quatro atributos que procuramos. O primeiro é o raciocínio lógico, a habilidade de responder perguntas relacionadas à função da pessoa. Colocamos o candidato em uma situação hipotética e queremos ver como a pessoa a entende, como propõe soluções e como se comunica. O segundo item é a liderança — mas não tem a ver com gestão de pessoas, chefia ou nada disso. Liderança é quão bom você é para atingir um objetivo em comum. Tem muito a ver com iniciativa e espírito empreendedor. O terceiro item é o que chamamos de ‘googliness’. Nada mais é do que um conjunto de comportamentos que ilustram a nossa cultura: saber trabalhar em equipe, ser ético, transparente nas relações e ter uma boa comunicação. O quarto e último atributo é a experiência. Se estou contratando uma pessoa para marketing, é esperado que ela tenha experiência nessa área. E o interessante é que esses quatro atributos são avaliados para qualquer nível de candidato, em qualquer lugar no mundo.” – Daniel Borges, gerente de atração de talentos do Google para a América Latina
Ambev – “O jovem precisa ter cabeça aberta. Ele tem de ser ‘hands on’, gostar de fazer. Precisa estar a fim de entender o processo da companhia. Ter a cabeça aberta também para entender que a empresa tem “gaps”. Então, estamos sempre querendo mudar alguma coisa, desenvolver algo novo. Ele precisa estar a fim de por a mão na massa — aquele cara que fala ‘vou ali só para ver no que dá’ não serve. Tem de estar a fim mesmo. Damos muita autonomia para ele tomar decisão. Ele pode tomar grandes decisões. Esse é o principal ponto. Tem ainda de estar a fim de se arriscar. Óbvio que é um risco controlado, mas tem de trazer coisas novas, propor soluções novas.” – Fabíola Higashi Overrath, responsável pela Universidade Ambev
BTG Pactual – “O mais importante é ter aderência à cultura do banco. Nós temos alguns programas de recrutamento, mas normalmente eles não exigem experiência prévia em mercado financeiro ou técnica. Tentamos avaliar se uma pessoa se adequaria à nossa cultura. E logicamente entendemos que quem está motivado a se desenvolver na carreira, que tem interesse de fato no banco, procura se preparar para isso. E tenta entender a cultura da empresa, os tipos de negócios que temos, em que área atuamos. E procura, eventualmente, um conhecimento técnico. Mas isso porque é uma pessoa proativa.” – Miguel Cruz, diretor adjunto de RH do BTG Pactual
BRF – “Nós somos uma empresa em momento de transformação. Precisamos de profissionais muito dispostos a promover essa mudança conosco. Para isso, é preciso trabalhar duro, estar realmente a fim de vestir a camisa e fazer o negócio acontecer. Então, hoje buscamos muito mais essa pessoa que tem o brilho no olho e essa disposição de se transformar junto com a empresa, para assim conseguirmos ter sucesso no nosso desafio.” – Irina Catta Preta, HR business partner comercial na BRF
Pearson – “É preciso estar alinhado com a cultura da empresa. Nós acreditamos em um sonho muito grande, que é melhorar a vida das pessoas por meio da educação. Buscamos pessoas que sejam comprometidas com essa ambição. E que se identifiquem com os nossos valores: coragem, criatividade, honestidade e visão de dono. Gostaria de frisar o último. Procuramos profissionais que venham para a empresa com o espírito de empreender, de fazer acontecer. O nosso perfil de colaborador é o que assume o desafio pessoalmente, corre atrás, entrega resultado, gosta de um ambiente sem burocracia, muito colaborativo e com informalidade.” – Giovanni Giovannelli, presidente da Pearson Brasil
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Anima – “Um dos pontos que valorizamos muito é a questão do desprendimento: do jovem que é atraído por desafios, que gosta de trabalhar em equipe e de ser desafiado por ela. Existem alguns traços na nossa cultura que criam uma sinergia com os jovens. Temos uma cultura bastante horizontal. As pessoas se comunicam, trabalham muito no formato de projeto, na construção coletiva. É uma cultura muito inclusiva, participativa. O fato de trabalharmos por uma causa tão nobre, que é a educação, faz com que algumas expectativas que hoje o jovem tem — como trabalhar por uma causa, servir ao outro, querer desafios — tenha uma sinergia bastante forte.” – Cristiane Ávila, diretora de pessoas da Anima Educação
Cremer – “Procuramos pessoas que estejam dispostas a ser nossos sócios na transformação do mercado da saúde. Profissionais que tenham em sua agenda pessoal a agenda de transformação. Ao mesmo tempo, pessoas que gostem e acreditem que podem viver em um ambiente de alta meritocracia, mas saudável. Um ambiente em que você se sente feliz de fazer parte todos os dias. Nossa empresa proporciona e procura profissionais que busquem o crescimento acelerado. Temos muitos exemplos de pessoas que começaram como trainee, cresceram de maneira muito veloz e assumiram posições de liderança na companhia.” – Rodrigo Ladeira, diretor de RH da Cremer
Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios