Redação, do Na Prática
Publicado em 19 de agosto de 2020 às 17:00h.
Imagine que você está há semanas trabalhando em um grande projeto. Você está na fase final e bastante orgulhoso, porque se dedicou ao máximo em todos os detalhes. Nesse cenário, você recebe uma mensagem de alguém que está no seu time (mas não completamente envolvido nesse trabalho, em específico):
“Eu realmente acho que toda a direção está um pouco fora do caminho, e eu consideraria desmantelar o projeto e, ao invés disso, seguir na direção X.”
Esse é o contexto que a escritora Lauren Moon dá no site do Trello, para explicar o efeito que chama de “gaivota” (seagull effect). Assim como os pássaros de mesmo nome, o autor da mensagem “mergulhou” na hora errada e bombardeou você, o autor do projeto, quando menos precisava, com comentários negativos.
Como esse cenário poderia ter sido diferente? Pedir feedback sobre seu próprio trabalho também pode ser um sucesso ou um erro, dependendo de como você o faz. Estruturar um pouco como e quando você pede comentários sobre o seu trabalho pode ajudar a aliviar as frustrações do feedback injustificado, exagerado e atrasado. “Você pode estar trazendo gaivotas para si mesmo não pedindo feedback dos colegas no início do processo.”
Usar um processo chamado de estrutura 30/60/90 ajudará você a obter o tipo certo de feedback no momento apropriado. Este princípio divide o feedback em três partes, cada uma representando uma porcentagem do progresso em todo o processo ou projeto.
Ao pedir feedback a 30% do trabalho, você busca ideias, opiniões, dicas sobre o conceito, de forma geral. “Você tem uma ideia que começou a desenvolver, mas está longe de estar pronta. Você tem o suficiente, no entanto, para estar pronto para receber feedback”, resume Moon.
Aqui, seria uma boa etapa para aquele feedback atrasado do início do texto. Não tem problema dar esse nível de feedback nessa etapa, porque o projeto está no início e ainda precisa de considerações e direções.
O segundo nível dessa regra para feedback é 60%. Ou seja, quando você passou um pouco da metade do trabalho.
A autora recomenda pensar no feedback 60% como o “tradicional”. Apesar de ainda ter tempo para as pessoas darem sugestões e te ajudarem a expandir, o conceito geral já está delimitado. Nessa etapa, a expectativa para o feedback é a maior: de estruturação de frases à sugestões de adicionar e deletar seções.
“É fundamental, durante essa rodada, envolver todas as partes interessadas, porque são suas sugestões que vão catapultar a peça – seja ela qual for – de um primeiro rascunho para um produto quase acabado.”
Além disso, é aqui que você garante que não terá que lidar com “gaivotas” mais para frente.
O estágio final do feedback é chamado de 90% porque o projeto está em fase de conclusão. Pense nessa etapa da regra de feedback como a de “tem algo que deixei para trás?”
Toda a regra de feedback 30/60/90 envolve entender a importância de pedir e obter a opinião dos outros sobre um projeto. Por isso, Moon dá algumas dicas para não se deixar levar pelo lado emocional quando receber feedback.
A regra de feeedback 30/60/90 tem objetivo de estrutura uma prática que, não só ajuda a desenvolver um trabalho em pontos que você não pensaria sozinho, como também lhe ajuda a crescer como profissional. Então, não deixe de pedir feedback – principalmente, quando você realmente precisa ou deseja. “Isso vai fazer do processo mais suave, além de que ninguém vai acabar com cocô de pássaro na cabeça”, brinca Moon.