“Para trabalhar em banco tem que ter vocação”, brinca Henrique Marise, de 32 anos, consultor de negócios Itaucard, no Itaú Unibanco. Ele tem uma certa razão. Lidar com números todos os dias não é coisa para quem sempre levou nota negativa em matemática na escola. “Essa pessoa pode até conseguir emprego, porque o mercado financeiro é aberto para todo tipo de personalidade – tem de pedagogo até biólogo. Mas ela corre o risco de odiar o próprio trabalho”, diz.
Ele mesmo não imaginava, assim que entrou na faculdade de engenharia, em São Carlos, no interior de São Paulo, que trabalharia em um banco. Tanto que chegou a fazer estágios curtos em outras indústrias. Durante o curso, no entanto, começou a considerar a opção. Henrique se inscreveu em mais de dez processos de trainee depois de formado, em 2006, e foi chamado no Itaú depois de uma longa seleção. Para ele, essa é melhor forma de entrar no mercado. “É uma porta de entrada excelente, porque você acaba conhecendo o funcionamento de um banco como um todo, já que existe uma mudança de área esporádica (job rotation) para quem entra como trainee”, afirma.
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A experiência como trainee no Itaú Unibanco
Henrique começou no banco na área de projetos, depois foi para análise de risco e crédito. “Essa área que determina qual é o risco que o banco tem ao emprestar dinheiro. É a isso que o juros está atrelado, por isso a taxa varia de acordo com o perfil das pessoas. Alguém que está desempregado tem um risco muito maior, estatisticamente, de não pagar o empréstimo em dia”, explica.
Agora, seu trabalho consiste, basicamente, em encontrar meios de fazer o banco vender seus produtos. “Tenho que saber qual tipo de cartão de crédito as pessoas querem ter, qual tipo de financiamento elas querem fazer, qual seguro pode ser útil para elas”, detalha. Tudo isso tendo como base modelos financeiros e análises de mercado. “É preciso conseguir traduzir todas as informações financeiras que recebemos.”
Para Henrique, outras características valiosas em um profissional dessa área são responsabilidade, disposição e integridade. “O setor financeiro de qualquer negócio, seja da indústria farmacêutica ou de infraestrutura, é o que move a empresa. Sem o aval financeiro, suas decisões estratégicas ficam amarradas”, diz. “Devido à manipulação de números muito altos, quem entra nesse setor também precisa ser analítico e ético”, completa.
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A cultura do Itaú Unibanco
Apesar de ser um setor tradicionalmente mais “certinho”, inclusive no que diz respeito ao traje, os bancos estão flexibilizando suas políticas de código de conduta e vestimenta. Quando Henrique entrou no Itaú, na época, Unibanco, tinha que usar terno e gravata todos os dias. Hoje não é mais assim. “As empresas estão percebendo que isso não faz sentido para quem passa o dia inteiro dentro do escritório olhando para a tela de um computador. Ainda mais morando no Brasil, um país tropical”, afirma. Mas tudo tem um limite: bermudas continuam proibidíssimas!
De qualquer forma, as mudanças mostram que as empresas estão mais preocupadas com o bem-estar dos funcionários e ouvindo suas reivindicações. “Já que vamos passar oito horas no trabalho, que ele seja um lugar no qual nos sentimos confortáveis.” Algumas áreas, no entanto, não podem ainda dispensar o traje formal. “Não adianta, quem vai lidar com o cliente precisa ir mais formal mesmo. É importante para ele saber que o cara que está lidando com o seu dinheiro transmite seriedade.”
Os horários de entrada e saída também são mais tranquilos hoje em dia. “O banco não quer ver ninguém lá fazendo hora extra à toa. Não existe mais essa cultura”. Outros pontos estão sendo levados em conta. “Se você chega às 8h todos os dias e precisa de 14 horas para cobrir todas as demandas daquele dia, seu gestor consegue ver que ou você está sobrecarregado ou você está sendo pouco produtivo. E isso será avaliado”, comenta.
Para quem está começando
Para quem está começando agora na profissão, Henrique tem uma dica: comece a trabalhar em estágio o quanto antes, e vale inclusive para quem planeja ser empreendedor no futuro. “Essa visão de como funciona uma grande empresa, você só consegue trabalhando lá dentro, mesmo. A faculdade só é capaz de te ajudar até certo ponto. Eu só aprendi sobre interdependência e trabalhar em equipe depois que comecei a lidar com isso na prática.”
Candidate-se: vaga de estágio no Itaú Unibanco
Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.