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Como estou levando para um grande banco o que aprendi trabalhando no WWF Brasil

Fabio Luiz Guido

Formado em Engenharia Ambiental e Relações Internacionais, Fabio Luiz Guido trabalhava há quase cinco anos no setor financeiro do banco Santander quando parou para refletir sobre sua carreira.

Sentia-se insatisfeito no ambiente de trabalho e buscava algo de impacto, que unisse seus valores e suas paixões, como o desenvolvimento sustentável.

Foi quando surgiu um convite do WWF Brasil, uma organização internacional que luta pela preservação do meio-ambiente, para participar de um fórum sobre investimento responsável, que também leva em conta impactos sociais e/ou ambientais na hora da decisão.

Uma ex-colega estava estruturando um novo programa de finanças para a sustentabilidade dentro da empresa e, depois de uma conversa, perguntou se ele tinha interesse em participar. “Para mim, fez todo o sentido”, lembra ele, que integra a Líderes Estudar, rede de jovens de alto impacto da Fundação Estudar.

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Após três anos no WWF, Fabio recebeu outro convite, da Itaú Asset Management, onde trabalha hoje para implementar uma agenda de investimento responsável, investimento de impacto, green bonds e novas oportunidades de negócios sustentáveis numa instituição que tem mais de R$ 520 bilhões de recursos sob sua gestão.

Abaixo, ele fala sobre as diferenças de cultura entre uma ONG e uma empresa, os desafios de um ambiente horizontalizado e a importância crescente da sustentabilidade no mundo dos negócios:

O que aprendi sobre o terceiro setor no WWF Brasil

Talvez um pouco mais intenso do que outros setores, o terceiro setor exige uma habilidade de comunicação e negociação forte, resiliência para lidar com diferentes cenários e capacidade de entender e conciliar diferentes interesses para ampliar o impacto social e/ou ambiental e de fato mudar a realidade.

É um trabalho que pode demandar mais disponibilidade e energia, mas é certo que os resultados das conquistas são muito recompensadores em termos de contribuição para um mundo melhor.

Digo também que ser um especialista no terceiro setor significa ser também generalista.

Explico: no terceiro setor, as estruturas são mais enxutas. Por isso, além de ser especialista no meu tema de trabalho, precisei aprender muito sobre gestão de projetos, stakeholders, mediação de conflitos, orçamento, instrumentos jurídicos, comunicação, organização de eventos e participação em fóruns de discussão de temas que, à primeira vista, não estavam diretamente ligados à minha atuação.

Tudo isso me trouxe um crescimento horizontal importante e em pouco tempo eu já estava dominando processos, relacionamentos e temas diversificados.

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A cultura de trabalho horizontal

Falando em horizontalidade, há uma diferença importante entre a cultura corporativa e a cultura do terceiro setor.

Eu fui formado num ambiente de tomadas de decisões mais rápidas e verticais. No terceiro setor, as decisões seguem ritmos mais lentos, com discussões muito mais horizontais, e às vezes assuntos previamente discutidos são retomados. Isso porque as decisões são compartilhadas e alinhadas entre todos os players e não seguem apenas uma estrutura top-down.

Já questões como orçamento e recursos, que por vezes são encaradas como a grande diferença entre os dois mundos, não são diferentes numa organização do tamanho e da relevância do WWF.

Embora de origens diferentes – como venda de produtos e serviços nas corporações versus doações e parcerias nas ONGs, por exemplo –, os recursos sofrem as mesmas pressões oriundas das flutuações da economia.

No terceiro setor, a autonomia de um especialista como eu é bastante elevada: você tem liberdade de apresentar planos, propor revisões e executar o acordado.

O maior desafio está na assertividade da construção de parcerias que tragam recursos e ao mesmo tempo atendam os anseios do doador e cumpram as metas estabelecidas pela organização.

Um exemplo é a Iniciativa Água Brasil, uma parceria do WWF com o Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil e Agência Nacional de Águas.

O eixo de negócios sustentáveis desenvolveu projetos de análise da cadeia de financiamento de manejo florestal sustentável de florestas nativas da Amazônia, mecanismos de aperfeiçoamento e financiamento da agricultura de baixo carbono e uma visão de riscos e oportunidades do impacto de mudanças climáticas para as indústrias de financiamento, investimento e seguros.

Fabio Luiz Guido e sua equipe do WWF Brasil
[Fabio com sua equipe do WWF Brasil, em 2016]

É um equilíbrio interessante de interesses, que nesse caso envolveu tanto o mercado financeiro quanto a gestão pública e uma ONG.

Já os maiores benefícios do trabalho no terceiro setor estão na possiblidade de alterar a realidade do que se propõe nos projetos por meio do seu próprio trabalho. A agenda é somente sua, os acertos e erros também. O crescimento profissional é consequência dessa atuação.

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O que levo para a Itaú Asset Management

Depois de três anos, entendi que meu novo desafio é trazer todo esse aprendizado para dentro de uma grande corporação, fazendo a ponte entre esses dois universos tão distintos e ao mesmo tempo tão conectados.

Como profissional de sustentabilidade com foco no universo de investimento responsável, minha responsabilidade é prover insumos para que o banco esteja sempre consciente das tendências de mercado e aderente aos principais temas de sustentabilidade, desenvolvendo processos de investimentos responsáveis que busquem um completo entendimento das oportunidades e riscos envolvidos em cada decisão.

Fabio Luiz Guido no prêmio Fazenda Sustentável, em 2016
[Fabio Luiz Guido fala durante o prêmio Fazenda Sustentável, em 2016]

Com o objetivo de entender o impacto de questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês), a Itaú Asset Management aderiu aos Princípios para Investimentos Responsáveis da ONU, um documento que estabelece princípios e diretrizes de investimento responsável.

Assim, o desempenho de cada empresa é avaliado com conhecimento e precificação prévia de temas ESG relevantes, que auxiliam na identificação de eventos que podem gerar ou destruir valor.

O resultado é uma estimativa de impacto no valor justo da empresa. Os fundos de renda variável com gestão ativa então consideram essas análises em seu processo de decisão de investimento, tendo como objetivo principal a proteção dos interesses econômicos dos clientes.

Leia também: Por dentro dos investimentos de impacto do Capricorn, grupo que aposta nos projetos de Elon Musk

Sustentabilidade não é um nicho de mercado

Continuo na minha área de atuação – investimento responsável –, apoiando novas estratégias e internalizando as novas tendências desse mercado no nosso mundo corporativo.

Destaco que a sustentabilidade não é um nicho, mas uma maneira de pensar estratégias que leva em conta a rentabilidade financeira aliada à conservação ambiental e ao desenvolvimento social – e penso que empresas e profissionais não alinhados com esta nova mentalidade estarão fora do mercado num horizonte de tempo muito curto.

Isso porque, enquanto sociedade global, estamos num momento em que temas relacionados à qualidade de vida, respeito às diferenças e cuidado com nossa pegada no planeta são valorizados.

A sustentabilidade precisa ser um ativo presente em cada um dos papéis que assumimos e em cada escolha que fazemos ou deixamos de fazer como cidadãos, profissionais e indivíduos.

Trabalhar com sustentabilidade é, para mim, um propósito e uma decisão de vida.

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Quer se aprofundar no tema?

Abaixo, Fabio indica leituras e vídeos para quem quer saber mais sobre investimento responsável:

1. Climate Bonds Initiative: Títulos da Dívida e Mudança Climática

2. PRI – What is Responsible Investment?

3. PRI – Introductory Guide to Collaborative Engagement

4. PRI – A practical guide to ESG integration for equity investing

5. PRI – O Dever Fiduciário no Século XXI

6. We Mean Business – Entenda a NDC brasileira

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