Bruno Correia iniciou sua carreira no governo de São Paulo quatro anos atrás, por meio de um concurso. A ideia não passava pela sua cabeça quando, aos 17 anos, mudou-se de Santos para a capital paulista para estudar Relações Internacionais na Faculdade Santa Marcelina. Na época, queria ser diplomata.
Se já no primeiro ano do curso percebeu que ainda faltava algo, o interesse por questões políticas permaneceu aceso. Acabou entrando também em um curso correlato, que ia mais de encontro às suas expectativas: Gestão de Políticas Públicas, na Universidade de São Paulo (USP).
Formou-se nos dois, e realizou um mestrado em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC. Passou pela inciativa privada e por ONGs antes de integrar os quadros no governo. Sua motivação, assim como ocorre com outros jovens gestores públicos, passa pelo impacto positivo na sociedade. “Não dá para pensar em governo sem pensar em sociedade civil”, defende.
Hoje, além da carreira de técnico em planejamento e gestão da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), entidade vinculada ao estado de São Paulo, também ocupa na mesma instituição a função de Assessor Técnico em Relações Institucionais.
A Fundap
Quando a Fundap foi criada, em 1974, a necessidade de modernizar e inovar o estado já era uma preocupação dos governantes: a organização tinha a função de melhorar a eficiência da máquina pública nos serviços prestados à sociedade. Hoje, com o crescimento da população paulista e o surgimento de novos desafios na área pública, esse papel parece mais relevante do que nunca.
“O que impede uma maior eficiência do setor público é a baixa capacidade administrativa”, diz Bruno, reforçando que o problema está mais relacionado com a gestão do que com dinheiro. Com uma equipe própria de cerca de 300 funcionários e alguns consultores externos contratados para projetos específicos, a missão da Fundap é dar conta desse gargalo administrativo. Para isso, fazem parte do time não só administradores, mas também cientistas sociais, cientistas políticos, matemáticos, entre outros profissionais.
A estratégia para reverter essa situação é baseada em três pilares: pesquisa, consultoria e capacitação. São funções da Fundap, por exemplo, contratar todos os estagiários do governo paulista, realizar programas de formação continuada para os funcionários públicos e elaborar relatórios que auxiliem os gestores em suas decisões.
Para Bruno, esse tripé proposto pela fundação faz sentido. Enquanto a pesquisa permite compreender as demandas da sociedade e os pontos críticos da administração pública, é a consultoria que abre as portas para propor pontos de melhoria e maneiras de otimizar os processos nos órgãos estatais, sugerindo formas de gestão mais eficientes. Por fim, a capacitação permite aos servidores do governo colocar em prática tudo isso, materializando assim a tão necessária inovação.
Inovação Bruno teve a oportunidade de participar desse ciclo virtuoso logo que entrou na Fundap. Fez parte da equipe que elaborou o projeto Avalia SP, uma iniciativa que busca medir a qualidade dos serviços públicos por meio da opinião dos usuários. A ideia é simples: criar um canal de diálogo com o cidadão, em que ele possa dizer com o que está satisfeito e com o que anda irritado. Quando toda essa informação é processada e levada ao responsável pelo serviço avaliado, ele estará preparado para planejar políticas públicas mais eficientes.
Apesar de ter grande afinidade com os propósitos da fundação, Bruno não descarta a possibilidade de ir para outros órgãos. Mas tem certeza de que é no governo que quer trabalhar.
Atualização: A Fundap parou de funcionar em setembro de 2016, de acordo com uma nova lei do estado de São Paulo aprovada em novembro do ano anterior. Jovens interessados em estagiar no governo estadual agora devem procurar vagas via Centro de Integração Empresa Escola (CIEE).
Caso você esteja em busca de uma experiência na gestão pública, há outras iniciativas interessantes, como o programa de trainee Vetor Brasil.
O Vetor foi criado por membros da rede Líderes Estudar, que reúne jovens de alto potencial, e tem como objetivo levar jovens talentos para dentro do setor público por até dois anos. Hoje, já atua em mais de 20 governos brasileiros.
Seus trainees, que podem ter se formado em qualquer curso, trabalham como funcionários dentro dos órgãos públicos, recebem treinamentos e apoio da organização para morar em outras cidades do país e traçam planos de desenvolvimento individual.
“O trainee fará parte da equipe de um órgão do governo, e estará envolvido na implementação de um projeto daquele órgão”, explica Joice Toyota, diretora executiva e co-fundadora do Vetor Brasil.
Outra opção é o Ensina Brasil, parceiro da famosa rede Teach for All no país, que busca jovens promissores que queiram ajudar a transformar a educação brasileira.
Os participantes, que também podem ter todo tipo de graduação, são contratados em tempo integral como professores temporários pelos governos que administram as escolas públicas em que trabalharão, que podem ser de ensino médio ou básico.
Ao longo do programa, os novos professores recebem treinamentos extensos e desenvolvem competências de liderança e protagonismo, além de impactar a vida dos alunos e fazer a diferença na sociedade. “Queremos pessoas comprometidas com a transformação social”, explica Erica Butow, cofundadora da organização.
Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.