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Como um trainee da gestão pública ajudou a colocar Campus Party Brasília de pé

Público na Campus Party Brasília

Jovens formados em qualquer área que tenham vontade de conhecer melhor o setor público e impactar a sociedade brasileira podem se inscrever até 19/09 no processo seletivo do Vetor Brasil, ONG que seleciona e desenvolve trainees para atuar por um ano na gestão pública.

Seja no Maranhão, no Amazonas ou no interior de São Paulo, as experiências oferecidas pelos mais de 20 parceiros no governo são variadas e trazem grandes oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal.

No caso de Eduardo Castro, formado em Engenharia de Software pela Universidade de Brasília, o posto oferecido foi de gerente de empreendedorismo na Secretaria Adjunta do Trabalho do Distrito Federal, na capital do país.

Um de seus projetos de destaque foi ajudar na organização da Campus Party Brasília, que atraiu 70 mil pessoas em junho de 2017.

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Empolgado com tanta energia criativa, ele ainda criou, com outros dois colegas do Vetor Brasil, um hackathon voltado para resolver problemas do setor público.

Hoje, soluções que podem impactar milhares de pessoas já estão em processo de implementação

Abaixo, Eduardo compartilha sua experiência:

O que aprendi sobre empreendedorismo e setor público em Brasília

Ser servidor público é belo.

“É aquele pensa no bem comum e não no seu próprio bem”, resumiu o ator Lázaro Ramos em uma entrevista durante a Festa Literária de Paraty, em julho deste ano.

A Constituição Federal do Brasil também usa palavras impactantes para falar dos objetivos fundamentais da República, como construir uma sociedade livre, justa e igualitária, erradicar a pobreza e a marginalização e promover o bem de todos.

Estes são meus valores e sei que é um desafio imenso abraçar uma missão tão grande – e é nesse ponto que o Vetor Brasil entrou na minha história.

Ao me tornar um trainee de gestão pública, além de assumir uma posição profissional com grande potencial de crescimento, tive acesso à rede de trainees, pessoas que também enxergam no Estado uma forma de causar impacto social em escala.

Juntos, trabalhamos duro para criar um Brasil mais forte e menos desigual.

No meu caso, me mudei para a capital para trabalhar na Secretaria Adjunta do Trabalho do Distrito Federal como gerente de empreendedorismo.

Um dos projetos em que trabalhei foi a organização da Campus Party em Brasília, que aconteceu entre 14 e 18 de junho de 2017.

Este é um dos maiores festivais de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e, para jovens estudantes e universitários, talvez não haja um evento com maior aderência.

Eles passam dias acampados, fazendo de tudo um pouco. Participam de palestras e workshops das 8h da manhã até madrugada adentro, de hackatons e desafios de programação e até mesmo jogando videogame.

E o que isso tem a ver com gestão pública?

Na secretaria, abraçamos o projeto porque nos preocupamos com o futuro do Distrito Federal.

Acreditamos que a capital não tem mais condições de girar em torno do funcionalismo público, que temos potencial para ser um dos maiores pólos tecnológicos do país e que a chave para isso está nas novas gerações.

A Campus Party é uma das nossas ações para dar visibilidade aos empreendedores locais e incentivar jovens a enxergarem tecnologia e empreendedorismo como opções profissionais atraentes.

Colocando o evento de pé

Nosso primeiro grande desafio? Fazer um evento de “esquenta” para 2 mil pessoas, o Campus Day, que aconteceu em novembro de 2016.

O problema? Tínhamos pouquíssimo orçamento e o único recurso disponível era o espaço. A solução que encontramos foi buscar parceiros dispostos a patrocinar o evento – e deu certo.

No fim, tivemos cerca de oito horas de palestras, um hackathon, cerca de 20 stands e diversos aprendizados que levamos para a grande edição.

O principal deles foi validar a ideia: havia, sim, demanda por esse tipo de evento e o DF era capaz de receber um evento desse porte.

Naquele momento, o desafio ficou 35 vezes maior.

Leia também: Esse jovem tem o sonho de desenvolver novas (e melhores) lideranças públicas

No dia a dia da organização, tive a oportunidade de fazer de tudo um pouco.

Formalizei processos e ritos burocráticos do começo ao fim, participei da construção e seleção de conteúdo e de palestrantes – e inclusive dei uma palestra sobre empreendedorismo no governo – e divulguei o evento em escolas públicas e universidades da região.

Também distribui quase 600 ingressos para estudantes de escolas e universidade públicas do DF e 300 em faculdades e universidade privadas, sempre dando preferência aos alunos de baixa renda.

Público observa robôs na Campus Party em Brasília[Público observa robôs na Campus Party Brasília / Foto: Eduardo Castro]

O evento em si foi um sucesso. Dentro do ecossistema de empreendedorismo do DF, é visto até como um momento histórico.

Ao longo de quatro dias, mais de 70 mil pessoas participaram e sete palcos diferentes receberam 250 horas de conteúdo.

O sucesso foi tamanho que já estamos trabalhando na edição de 2018 – e com planos de dobrar de tamanho!

Ainda me lembro de ver os olhos das crianças brilharem com stands de robótica e das palestras lotadas, cheias de jovens sedentos por conhecimento.

Nessas horas, todas as noites mal dormidas mostram seu valor: plantamos uma sementinha em vários dos milhares de participantes.

Hackathon para o setor público

E para aproveitar toda a energia dos jovens dispostos a aprender e criar, eu e outros dois trainees do Vetor Brasil decidimos organizar um hackathon com foco em problemas públicos.

Visitamos várias secretarias em busca de problemas, bases de dados interessantes e servidores que acreditassem na proposta.

No fim, apresentamos três desafios aos jovens:

1. Como disponibilizar os dados de ocorrências para a população e mostrar a importância de realizar registros policiais?

A base de dados trazia todas as ocorrências registradas entre 2012 e 2016 com tipo, descrição, endereço, data, horário, etc.

2. Como melhor conectar alunos a vagas nas escolas da rede pública do Distrito Federal?

Os dados vinham do sistema de matrícula de toda a rede pública do Distrito Federal.

3. Como dados abertos podem melhorar a confiança no transporte público do Distrito Federal?

Os dados traziam todas as paradas de ônibus geolocalizadas, rotas de todas as linhas e o GPS, em tempo real, de todos os ônibus que cobrem a parte sul do DF.

Confesso que esse projeto foi o que mais me empolgou!

E ainda não terminou: atualmente, quatro dos 13 times participantes estão colaborando com as secretarias para que as soluções criadas sejam implementadas dentro da administração pública.

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Para se entender o tamanho do potencial impacto que podem ter, é preciso saber que cerca de 40 mil novos estudantes são matriculados anualmente por meio de um processo manual.

Participantes da Campus Party Brasília[Participantes da Campus Party Brasília / Foto: Eduardo Castro]

A solução vencedora do segundo desafio se mostrou capaz de melhorar o serviço prestado a todas essas famílias, além de acabar com cenas de pais dormindo nas portas das escolas em busca de vagas para seus filhos.

É um belo caso de empreendedorismo público.

Eu diria que isso é ser um trainee do Vetor Brasil: ser um empreendedor público e a mudança que queremos ver dentro do governo, utilizando seu poder de escala como um meio para causar impacto social.

E digo mais: todos os dias, aprendo e cresço com a rede, que tem algumas das pessoas mais incríveis que já conheci.

Essas pessoas mudaram minha vida e me trouxeram energia para causar mudanças.

Somos mais de 100 trainees de gestão pública espalhados pelo país.

Se você também tem vontade de trabalhar para criar um Brasil melhor e quer se conectar com jovens que têm o mesmo sonho, pode ser seu lugar também.

Inscreva-se no processo seletivo do Vetor Brasil até 19/09.

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